Sobre Estórias e Porque Nós Criamos Coisas

Criar pensando no outro.

É engraçado isso. Eu crio escrevendo. Escrevo estórias, estórias com “E”. Roteiros de filmes, séries, curtas (não necessariamente produzo eles, mas escrevo). E vi há pouco tempo um vídeo de um cara que admiro bastante, um autor/youtuber/entusiasta de ciência e história chamado John Green. Ele escreveu livros como A Culpa é das Estrelas e tem canais muito bons no youtube como o Crash Course e o vlogbrothers. Ele fala que no começo da carreira profissional dele, quando começou a escrever, ele o fazia por razões como “quero impressionar aquela menina pra ela transar comigo” e depois ele evoluiu para “quero fazer um trabalho grandioso para nunca ser esquecido”. E sempre que ele escrevia pensando desse jeito, ele escrevia mal. O John Green era um “crappy writer”, como ele diz. Daí, ele conheceu pessoas que faziam poesias, mas que faziam essas poesias pensando no que o outro acharia. Pensando em o que a poesia que ele criou adicionaria ao outro. Ao outro e a si mesmo, mas ao outro. E acho que isso mudou bastante a forma dele de pensar sobre sua arte e sobre o que ele quer criar em sua vida. E eu me vejo muito nisso. Por que eu escrevo o que eu escrevo? Eu quero só impressionar alguém? Quero ser lembrado? No futuro, todo mundo será esquecido. Até Monet, Shakespeare, Mozart, todo mundo. E eu fico aqui escrevendo, e para quê?

Essas são dúvidas que me pegam, e eu tô aqui escrevendo para você, ao mesmo tempo tentando entender porque eu escrevo e porque eu faço o que eu faço e porque eu sequer levanto da minha cama. Por que qualquer um faz o que qualquer um faz? Por que o que nós temos é o aqui e o agora? Por que o universo é uma coisa inimaginavelmente desconhecida, e nós temos que seguir nosso coração, pois é a única coisa que temos? Talvez. Eu acho que é isso que eu acredito. O universo é desconhecido, não sabemos quase nada do que há para se saber, mas nós sentimos. Pode ser que o que sentimos é pura ilusão também, criada pelas conexões em nossos cérebros, mas o sentimento tá aí. Eu sinto no meu coração o que devo fazer, o que parece certo fazer. Sei que se seguir meu coração, vencerei o egoísmo, a inveja e todos esses sentimentos negativos que nós humanos herdamos após milhões de anos de evolução. E por coração, obviamente que não quero dizer literalmente o coração, e sim alguma parte do cérebro que interpreta o mundo ao redor e nos faz ser, sentir e criar.

Mas voltando ao assunto do início. Eu devo escrever com o meu coração? Sim. E você deve criar com o seu. Mas deve fazê-lo por si próprio, nunca esquecendo que existe o outro. Se eu quero que o outro leia o que eu escrevo e assista o que eu filmo, tenho que fazer para ele. Adicionar algo a ele, e perceber que adicionando algo a ele, estarei adicionando algo muito mais real e profundo a mim.

2 comentários sobre “Sobre Estórias e Porque Nós Criamos Coisas

  1. Já observei isso também, quando faço algo baseado num sentimento de confiança que brota do coração, sempre tenho resultados melhores, dever ser porque Deus reside no coração do homem, não tanto no cérebro, que é mesmo o centro do egoísmo. abçs

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